anos 60

O início dos anos ’60 dá continuidade ao retraimento, ainda voluntário, do artista no grande circuito das artes, mas não à sua produção. Conjuntos painéis em madeira industrializada que substituem os afrescos são produzidos. Com 55 anos ca., Pennacchi não tinha mais resistência física para enfrentar grandes alturas, andaimes e reboques; daí a necessidade de pintar, para grandes ambientes, painéis, mesmo que unitariamente grandes.   Para a feira de Natal – iniciativa de Emy Bonfim – pintou miniaturas, e algumas outras obras para mostras de moderada recensão. 

Porém, em 03.12.1964, por ocasião da exposição na “Casa do Artista Plástico” Pennacchi, que se havia transformado num “pintor de colecionadores” e que não se apresentava em público há muito tempo, exibe com grande sucesso de público e crítica, suas recentes pinturas e; pela primeira e única vez em vida, suas esculturas. O sucesso, oriundo da criteriosa revisão de valores que o alarido da improvisada crítica vinha fazendo com seus “artistas” prediletos, dá conta ao colecionador e ao publico do que fez Pennacchi durante todo esse tempo em que referveu a bambochada. Vide “Cronologia Crítica”.

É desta década (1966 ca.) a pintura de quatro grandes painéis de madeira (2,20 x 1,20 m cada) retratando cenas da vida brasileira. Formam junto com algumas esculturas com acabamento policromático, a coleção “Opus Dei” em Arueira.

Em 1969, por não atender à “solicitação vanguardeira” – é a época da arte mínima, monocromática e conceitual – obras submetidas ao Júri do “I Salão Paulista de Arte Contemporânea” foram recusadas. Não fora a  civilidade e afabilidade sempre presente na vida do artista, ele poderia ter repetido a conhecida jaculatória de Beethoven - Ça leur plaira bien, un jour, quando informado que algumas de suas obras não mereceram o aplauso da crítica.

1.NdA: Lembro-me perfeitamente dos grandes grupos de pássaros, três ou quatro “Última Ceia”, de sabor e plasticidade incríveis... ao volume da escultura e do contraste que esta provocava quando pendurada na parede se juntavam cores e tonalidades sem fim!”

2.As cerâmicas da coleção da família Fulvio Pennacchi, foram mostradas publicamente, uma segunda vez, na exposição “Desvendando Pennacchi”; Curadoria: Fábio Porchat; Museu da Fundação Armando Álvares Penteado; São Paulo; 2000. Segundo depoimento de Pennacchi ao autor, tratava-se de um conjunto de 14 quadros sobre as “Obras de Misericórdia”.