anos 70

1972: Enquanto a Europa Central discutia o neo-impressionismo, transvanguarda e arte “povera”; no Brasil se comemorava o cinqüentenário da “Semana de 1922” e segundo alguns, do “nascimento da arte moderna”. Em São Paulo, poucos anos depois (1930 ca.) tomou força um grupo de pintores que de forma espontânea, independente e sem programas pré-estabelecidos se reunia no Palacete Santa Helena, na Praça da Sé; e que, entre outras afirmações garantiam que nada deviam e nem seguiam o que fora feito em 1922.

Para a maioria dos “santelenistas” aquela “Semana” não era o ponto de partida, mas sim, mais um momento (festivo e barulhento) da longa caminhada já iniciada na atualização da arte em nosso país. Tenho uma certeza: Foi o “Baile da Ilha Fiscal” da endinheirada elite agrária paulista. Segundo Di Cavalcanti, Marinette Prado, sugeriu uma semana de arte nos moldes da “Semaine de Fêtes de Deauville” um balneário da Normandia (França). Paulo Prado, alguns “barões do café” e nomes de peso o organizaram e pagaram a conta. Não o teriam feito depois de 1929! Foi a primeira fase do nosso modernismo, mas não deixou legados duradouros nem entre os artistas e muito menos junto ao público que poderiam ter utilizado a Semana para fins didáticos.

1973: Pennacchi fazia parte do “Grupo do Santa Helena”, e, em 1973, comemorando 40 anos de pintura, foi homenageado por P. M. Bardi, com uma “Retrospectiva” no MASP; na época, o mais importante museu brasileiro. Foi a terceira retrospectiva que o MASP – Paulista realizava (as outras foram de Portinari e Segall) e a primeira de um artista enquanto vivo . 

A “re-descoberta” do artista causou grande comoção; sucesso absoluto de público e crítica. Mostrou o admirável percurso do artista tornando patente a extensão de sua pintura mural, seus esforços e êxito para a revitalização da técnica do afresco entre nós e sua escultura, até então conhecida somente por alguns colecionadores e pelo seu restrito circulo de amigos e conhecidos. 

Por ter-se afastado das exposições e da “mídia” por muitos anos e por manter-se fixado no figurativo de origem que com o passar dos anos daria a sua pintura um caráter “primitivo”, a Pennacchi caberia esperar pelo reconhecimento como subproduto do frêmito de sua retrospectiva pessoal. Tal retrospectiva continha muita pesquisa original que denunciava as desinformações oriundas das abordagens precárias a respeito de sua obra após a década de 1940.    

O catálogo-livro produzido – “Pennacchi; quarenta anos de pintura” – teve prefácio de P. M. Bardi, introdução de Fábio Porchat, ensaio crítico de Valerio Pennacchi e fotografia e “stills” de Rômulo Fialdini. 

À Retrospectiva sucederam-se tal número de exposições e comemorações que a mídia considerou o ano de 1973 como “o ano Pennacchi” (Vide “Cronologia”).

1973-1992: A partir de 1973 até seu falecimento, em 1992; portanto em 19 anos, Pennacchi participou de mais eventos, exposições individuais e coletivas, homenagens e recebeu mais honrarias que em todos os 45 anos precedentes.

Foi distinguido pela República brasileira, pela italiana, pelos governos do Estado e do município de São Paulo, pelas cidades de Pianacci, Castiglione di Garfagnana, Lucca e Ribeirão Preto, universidades, escolas e comunidade artística.

1975: Após conhecer a ceramista Eunice Pessoa, Pennacchi aceitou a sugestão de trabalharem juntos. O resultado foi uma exposição conjunta de “painéis cerâmicos folclóricos”, no Clube Atlético Paulistano.

Bibliografia:

1.        “22 por 22: A Semana de Arte Moderna vista pelos seus contemporâneos”; Org.: Maria Eugenia Boaventura; EDUSP; São Paulo; 2.000.
2.        “A Arte no Brasil nas Décadas de 1930 - 40: O grupo Santa Helena”; Walter Zanini; Nobel – EDUSP; São Paulo; 1991.
3.        “Pennacchi – Quarenta Anos de Pintura”; Centro de Artes Novo Mundo; São Paulo; 1973.
4.        “De Anita ao Museu”; Paulo Mendes de Almeida; Editora Perspectiva; São Paulo; 1976.
5.        “Mário Zanini e seu tempo”; Alice Brill; Editora Perspectiva; São Paulo; 1984.
6.        “Aldo Bonadei: o percurso de um pintor”; Lisbeth Rebollo Gonçalves; Editora Perspectiva; São Paulo; 1990.
7.        “Pintores e pinturas”; Sergio Milliet; Livraria Martins; São Paulo; 1940.